#128 Luísa Lopes - Porque é que o nosso cérebro envelhece (e como evitá-lo)?
45 Graus - Een podcast door José Maria Pimentel - Woensdagen
Categorieën:
Luísa Lopes é neurocientista e dedica-se ao estudo dos mecanismos que causam o envelhecimento cognitivo precoce, em particular ao nível da memória. A convidada é actualmente coordenadora do grupo de investigação em “neurobiologia do envelhecimento e doença” no Instituto de Medicina Molecular e Professora Convidada na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. -> Apoie este projecto e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45graus.parafuso.net/apoiar _______________ Índice da conversa: (0:00) Introdução (5:59) Como o nosso cérebro envelhece — e porque não acontece igual em toda a gente. | Mais educação = envelhecimento mais lento | Ressonância magnética funcional | Blue zones | A importância do sono. Estatísticas de sono em Portugal. As crianças. | Diminuição da incidência da demência nas últimas décadas. (23:29) Relação com o envelhecimento sistémico do corpo. | O papel da oxidação. | Organóides (39:09) Por onde começa o envelhecimento: neurónios vs sinapses | O hipocampo e o estranho caso dos soldados da guerra do Iraque (49:07) O que distingue o envelhecimento normal do patológico (neurodegenerativo)? E porque afecta sobretudo o hipocampo? | Parkinson vs Alzeimer (57:52) Tratamentos para doenças neurodegenerativas | Causas últimas: danos no genoma; perda de irrigação sanguínea (1:06:55) Tratamentos de ponta: transfusão de sangue de indivíduos novos (paper). | Patient H.M. (1:15:19) Os benefícios da cafeína. Estudo citado (estudo, notícia) (1:20:04) Livro recomendado: O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu, de Oliver Sacks _______________ Todos sabemos que, infelizmente, com a idade vamos perdendo gradualmente capacidade cognitiva, desde a memória à capacidade de aprender coisas novas. Mas a experiência diz-nos também que existe muita variabilidade entre as pessoas: há quem numa idade avançada se mantenha grande acuidade intelectual, e continue inclusive a trabalhar, mesmo em trabalhos criativos e desafiantes. E, no sentido contrário, há pessoas em que o envelhecimento cognitivo é acelerado e surge prematuramente, por norma associado a doenças neurodegenerativas. Por isso, é provável que todos nós em algum momento nos tenhamos perguntado: porque é que o nosso cérebro envelhece? É simplesmente uma consequência do envelhecimento geral do corpo? E, já agora, será possível evitar sermos assolados por doenças de envelhecimento cognitivo prematuro e, além disso, abrandar o mais possível o envelhecimento natural? Foram estas e outras perguntas que fiz à convidada deste episódio, a neurocientista Luísa Lopes. Começámos por falar sobre o que acontece exactamente no nosso corpo (e no cérebro em particular) que causa a diminuição de funções cognitivas. Falámos dos neurónios (as células fundamentais do cérebro, de dendrites (o imenso conjunto de ramos que liga um neurónio a outros neurónios) e de sinapses (a ponta desses ramos, onde ocorre a transferência de informação para o outro neurónio). Falámos também sobre que hábitos devemos ter para retardar esse processo, como dormir bem, fazer exercício, comer bem, manter a mente activa e -- o que pode ser menos óbvio -- socializar. Discutimos também o que distingue as doenças neurodegenerativas do envelhecimento normal, e os tratamentos que existem para elas -- bem como das suas limitações. Mas dormir bem, comer bem, fazer exercício não só dá trabalho como apenas serve para adiar o problema; o que gostaríamos todos era de poder reverter o envelhecimento. Por isso, no final, falámos também de alguns tratamentos revolucionários (mas também ainda pouco certos e com algumas barreiras éticas, como normalmente acontece); por exemplo, experiências recentes feitas com ratos em que se fez a transfusão de sangue de um animal novo num velho, conseguindo com isso reverter o envelhecimento cognitivo. Foi uma conversa bem interessante. _______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Julie Piccini, Ana Raquel Guimarães Galaró family, José Luís Malaquias, Francisco Hermenegildo, Nuno Costa, Abílio Silva, Salvador Cunha, Bruno Heleno, António llms, Helena Monteiro, BFDC, Pedro Lima Ferreira, Miguel van Uden, João Ribeiro, Nuno e Ana, João Baltazar, Miguel Marques, Corto Lemos, Carlos Martins, Tiago Leite Tomás Costa, Rita Sá Marques, Geoffrey Marcelino, Luis, Maria Pimentel, Rui Amorim, RB, Pedro Frois Costa, Gabriel Sousa, Mário Lourenço, Filipe Bento Caires, Diogo Sampaio Viana, Tiago Taveira, Ricardo Leitão, Pedro B. Ribeiro, João Teixeira, Miguel Bastos, Isabel Moital, Arune Bhuralal, Isabel Oliveira, Ana Teresa Mota, Luís Costa, Francisco Fonseca, João Nelas, Tiago Queiroz, António Padilha, Rita Mateus, Daniel Correia, João Saro João Pereira Amorim, Sérgio Nunes, Telmo Gomes, André Morais, Antonio Loureiro, Beatriz Bagulho, Tiago Stock, Joaquim Manuel Jorge Borges, Gabriel Candal, Joaquim Ribeiro, Fábio Monteiro, João Barbosa, Tiago M Machado, Rita Sousa Pereira, Henrique Pedro, Cloé Leal de Magalhães, Francisco Moura, Rui Antunes7, Joel, Pedro L, João Diamantino, Nuno Lages, João Farinha, Henrique Vieira, André Abrantes, Hélder Moreira, José Losa, João Ferreira, Rui Vilao, Jorge Amorim, João Pereira, Goncalo Murteira Machado Monteiro, Luis Miguel da Silva Barbosa, Bruno Lamas, Carlos Silveira, Maria Francisca Couto, Alexandre Freitas, Afonso Martins, José Proença, Jose Pedroso, Telmo , Francisco Vasconcelos, Duarte , Luis Marques, Joana Margarida Alves Martins, Tiago Parente, Ana Moreira, António Queimadela, David Gil, Daniel Pais, Miguel Jacinto, Luís Santos, Bernardo Pimentel, Gonçalo de Paiva e Pona , Tiago Pedroso, Gonçalo Castro, Inês Inocêncio, Hugo Ramos, Pedro Bravo, António Mendes Silva, paulo matos, Luís Brandão, Tomás Saraiva, Ana Vitória Soares, Mestre88 , Nuno Malvar, Ana Rita Laureano, Manuel Botelho da Silva, Pedro Brito, Wedge, Bruno Amorim Inácio, Manuel Martins, Ana Sousa Amorim, Robertt, Miguel Palhas, Maria Oliveira, Cheila Bhuralal, Filipe Melo, Gil Batista Marinho, Cesar Correia, Salomé Afonso, Diogo Silva, Patrícia Esquível , Inês Patrão, Daniel Almeida, Paulo Ferreira, Macaco Quitado, Pedro Correia, Francisco Santos, Antonio Albuquerque, Renato Mendes, João Barbosa, Margarida Gonçalves, Andrea Grosso, João Pinho , João Crispim, Francisco Aguiar , João Diogo, João Diogo Silva, José Oliveira Pratas, João Moreira, Vasco Lima, Tomás Félix, Pedro Rebelo, Nuno Gonçalves, Pedro , Marta Baptista Coelho, Mariana Barosa, Francisco Arantes, João Raimundo, Mafalda Pratas, Tiago Pires, Luis Quelhas Valente, Vasco Sá Pinto, Jorge Soares, Pedro Miguel Pereira Vieira, Pedro F. Finisterra, Ricardo Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira _______________ Bio: Luísa Lopes é neurocientista, coordenadora de um grupo de investigação no Instituto de Medicina Molecular e Professora Convidada na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Estudou na Escola Secundária do Bombarral, licenciou-se em Bioquímica na Faculdade de Ciências de Lisboa e mais tarde doutorou-se em Neurociências na Faculdade de Medicina da mesma Universidade. Trabalhou em Cambridge, no Reino Unido, em Estocolmo, na Suécia e em Lausanne, Suiça, antes de regressar a Lisboa, onde a partir de 2008 estabeleceu a sua própria equipa de investigação, tendo em 2013 e 2018 obtido posições de Investigador da Fundação para Ciência e Tecnologia. O seu trabalho centra-se nos mecanismos que causam o envelhecimento precoce das funções associadas à memoria, e o desenvolvimento de modelos animais de envelhecimento para estudar o défice cognitivo e neurodegeneração. Tem múltiplos artigos e capítulos de livros publicados em revistas científicas internacionais, incluindo revistas de referência na área, tal como Nature Neuroscience, Science Immunology ou Molecular Psychiatry e doutorou 8 estudantes na sua equipa. Em 2010, Luísa recebeu um prémio da Dana Alliance for Brain pelas actividades de divulgação científica enquanto coordenadora das actividades da Semana do Cérebro em Lisboa. Pertence a várias sociedades científicas portuguesas e internacionais, destacando-se ter sido membro da Direcção da Sociedade Portuguesa de Neurociências entre 2008 e 2011. É membro Conselho Científico da Faculdade de Medicina e da equipa de cordenação do Mestrado em Investigação Biomédica. Em 2017 recebeu uma menção honrosa da Universidade de Lisboa pelo seu currículo científico na área de Biomedicina, em 2018 o Prémio Mantero Belard – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em 2020 o prémio Pfizer em Investigação Biomédica, e em 2022 o Prémio Interstellar Initiative para “Healthy Aging and Longevity” da Academia de Ciências de Nova Iorque. Em 2021 recebeu o seu grau de Agregação na Faculdade de Medicina de Lisboa.