#20 Frederico Lourenço – A Bíblia: primórdios do cristianismo, relação com a cultura grega, o Novo Testamento e a sua visão em relação à escravatura e à homossexualidade.

45 Graus - Een podcast door José Maria Pimentel - Woensdagen

Frederico Lourenço nem precisa de apresentação, tal a notoriedade que tem ganho pelo trabalho que o tem ocupado nos últimos anos, nada mais nada menos do que a modesta empresa de traduzir a totalidade da Bíblia, de um só folgo. São seis volumes, dos quais já saíram três. Esta obra de Frederico Lourenço tem duas facetas que a tornam especial. Por um lado, é uma tradução que se pode dizer ‘laica’, ie, não teológica, mas antes focada na literalidade dos textos originais. Por outro, é a primeira tradução em Portugal feita a partir dos textos em grego. Ora, o grego é a língua original do Novo Testamento e, embora não seja, claro, a língua original do Antigo, é a versão traduzida para grego que nos chegou até hoje mais fiel aos escritos originais. A conversa, como é hábito neste podcast, fluiu livremente, o que significa - e era inevitável, tratando-se deste livro - que muito mais haveria a falar. Conversámos sobre a História do Cristianismo, sobretudo os primórdios: a relação com o Império Romano e, até, a cultura grega clássica. Focamo-nos mais no Novo Testamento (o único cuja tradução já está completa); deste, falámos dos Actos dos Apóstolos e dos Quatro Evangelhos, bem como dos evangelhos apócrifos, do papel de Paulo e da visão transmitida em relação à escravatura e à homossexualidade. Já expliquei em episódios anteriores as razões por que, sendo eu agnóstico, a religião, e o Cristianismo em particular, me interessam. E julgo que esta conversa espelha bem esses motivos. Perceber a vertigem da Humanidade para a religião é abrir uma janela para perceber melhor a biologia e psicologia humanas. Por outro lado, compreender, em particular, o Cristianismo e a Bíblia, é perceber um elemento fundamental da História do Ocidente e perceber como é que um livro destes continua a ter uma tão grande influência - directa e, sobretudo, indirecta - sobre a sociedade actual, mais de 150 anos depois da publicação da ‘Origem das Espécies’ de Darwin. Ligações: Volumes já publicados https://www.wook.pt/livro/biblia-volume-i-revista-e-aumentada-frederico-lourenco/21418858 https://www.wook.pt/livro/biblia-volume-ii-frederico-lourenco/19025974 https://www.wook.pt/livro/biblia-volume-iii-frederico-lourenco/19741755 Por que lêem tão pouco a Bíblia os católicos? http://www.ncregister.com/blog/darmstrong/why-are-catholics-so-deficient-in-bible-reading http://www.abiblia.org/ver.php?id=6939 Há 50 anos a missa deixou de ser celebrada em Latim: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?did=180518 Primórdios do Cristianismo: http://www.bbc.co.uk/guides/zttpn39 Imperador Constantino: https://en.wikipedia.org/wiki/Constantine_the_Great_and_Christianity S. João Damasceno e o Islão enquanto heresia do Cristianismo: https://stpeterslist.com/islam-as-a-christian-heresy-8-quotes-from-st-john-damascene-a-d-749 Língua do Novo Testamento: https://en.wikipedia.org/wiki/Language_of_the_New_Testament Placa comemorativa de João Ferreira de Almeida, que refere erradamente que a tradução do Novo Testamento foi feita a partir do Hebraico: http://1.bp.blogspot.com/_bNCEoFQJ3WM/Ry9r5TeuLkI/AAAAAAAAASw/VaWER1igspw/s1600h/PlacaComemorativa_Jo%C3%A3o+Ferreira+Almeida.jpg Língua de Jesus: https://en.wikipedia.org/wiki/Language_of_Jesus Império Romano do Oriente: https://www.reddit.com/r/AskHistorians/comments/14oins/at_what_point_did_the_eastern_roman_empire_become/ Chiang Kai-shek: https://www.economist.com/node/13606318 Tatiano e a síntese dos quatro Evangelhos (Diatéssaron): https://pt.wikipedia.org/wiki/Diatessar%C3%A3o Evangelhos apócrifos https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Gospels Evangelho (apócrifo) de Tomé: https://en.wikipedia.org/wiki/Gospel_of_Thomas #114: http://www.earlychristianwritings.com/thomas/gospelthomas114.html Diferenças entre os quatro evangelhos: https://owlcation.com/humanities/Comparing-the-Gospels-Matthew-Mark-Luke-and-John https://www.christianitytoday.com/edstetzer/2012/march/differences-in-gospels-closer-look.html O Novo Testamento e a Escravatura: https://rationalwiki.org/wiki/Slavery_in_the_Bible#Slavery_in_the_New_Testament Vídeos: Who Wrote the Bible: https://www.youtube.com/watch?v=Ksp4kRn7lGk The Old Testament Told in Only 5 Minutes: https://www.youtube.com/watch?v=I400jhY2DF0 Leonardo Da Vinci “A arte nunca se termina, apenas se abandona” https://goinswriter.com/art-is-never-finished/ https://observador.pt/especiais/a-biblia-de-frederico-lourenco-aplausos-e-uma-questao/ Biografia detalhada: Frederico Lourenço é ficcionista, ensaísta, poeta e tradutor. Licenciou-se, em 1988, em Línguas e Literaturas Clássicas na Universidade de Lisboa, onde mais tarde se doutorou com uma tese sobre os cantos líricos de Eurípides. É atualmente professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (depois de vinte anos na Universidade de Lisboa, onde se doutorou com uma tese sobre Eurípides). Traduziu a Ilíada e a Odisseia de Homero, bem como um volume de poesia grega, duas tragédias de Eurípides ou peças de Schiller e Arthur Schnitzler. Publicou já três dos seis volumes que compreenderão a maior e mais completa Bíblia em português alguma vez já feita. Previsto para entregar o último volume em 2020, a proposta do tradutor é dar ao leitor de língua portuguesa a sensação de estar o ler o texto bíblico na língua original, respeitando rigorosamente a literalidade contida no idioma original das escrituras. No domínio da ficção é autor da trilogia Pode Um Desejo Imenso (que inclui também, além do título homónimo, os romances O Curso das Estrelas e À Beira do Mundo), bem como de A Formosa Pintura do Mundo, Amar Não Acaba e A Máquina do Arcanjo, ou do volume autobiográfico O Lugar Supraceleste. Publicou ensaios como O Livro Aberto: Leituras da Bíblia, Grécia Revisitada, Estética da Dança Clássica ou Novos Ensaios Helénicos e Alemães, e livros de poemas como Santo Asinha e Outros Poemas e Clara Suspeita de Luz. Entre outros, recebeu os prémios PEN Clube (2002), D. Diniz da Casa de Mateus (2003), Grande Prémio de Tradução (2003), Prémio Europa David Mourão-Ferreira (2006) e Prémio Pessoa (2016).